Muitos já ouviram um pensamento que diz que os avivados de hoje, são os conservadores de amanhã. Este comentário quer dizer que aqueles que receberam uma revelação de Deus, e foram avivados por esta revelação, têm dificuldade de aceitar novos moveres de Deus ou revelações posteriores, que as vezes vem de dentro da sua própria igreja.
Um dos conflitos que temos percebido hoje em dia é o das gerações de cristãos dentro da igreja. Alguns pastores nos expressam a dificuldade de atrair jovens para a igreja.
A era em que nascemos marcou a nossa cosmovisão mais do que podemos nos dar conta. O nosso sistema de crenças nos ajuda a decidir o quê é certo ou errado, bom ou mal, normal ou maluco.
Este sistema de crenças é estabelecido quando temos aproximadamente 10 anos, e os eventos e forças que nos influenciaram nos primeiros 10 anos são críticos na formação desta estrutura.
Nós vamos examinar 5 grupos diferentes na igreja, de acordo com a geração que cada um cresceu e formou a sua cosmovisão (falaremos sobre isto em um post futuro).
Os construtores - Vamos construir um mundo melhor!
Nascidos entre 1920 - 1945
O quê estava acontecendo no mundo: declínio financeiro por causa da grande depressão e a segunda guerra mundial.
Como os afetou: Forte ética trabalhista, conservadorismo financeiro e respeito por líderes. A figura paterna era muito importante.
"Encontre um bom emprego em uma companhia grande e fique lá" era o conselho que se dava. Alguns ficavam 40 anos na mesma empresa. Não é surpreendente que eles gostem de estabilidade, previsibilidade e consistência.
Eles tinham dificuldade em gastar dinheiro, poupavam tudo (até mesmo o papel de embrulho do presente, potes e etc...)
Muitos sociólogos chamam esta geração de a "geração do silêncio", principalmente porque estes cresceram em um tempo em que as crianças eram para ser vistas, e não ouvidas.
O que estava acontecendo no mundo...
O que estava acontecendo no mundo...
Baby Boomers - Eu vou me satisfazer!
Nascidos entre 1946 - 1964
Nasceram em uma era de prosperidade financeira, pós guerra.
Deixaram de ser idealísticos nos anos 60 e se voltaram à busca de prosperidade.
Primeira geração do divórcio (eles viam o casamento como um contrato em troca de serviços)
Mulheres começaram a trabalhar não mais dependendo financeiramente do marido
A criação da pílula anticoncepcional causou (ou permitiu) mudanças dramáticas na vida sexual desta geração, gerando a "revolução sexual".
Igreja era valorizada e respeitada.
Gostam quando a igreja tem uma visão e uma missão.
35% frequentam a igreja.
O que estava acontecendo no mundo...
Geração X (Eu serei autêntico)
Nascidos entre 1965 - 1979
Predominantemente solteiros (se juntam, mas não casam). A maioria sofreu com divórcio de seus próprios pais ou os pais de seus amigos.
São pais sérios. Tentam não cometer os mesmos erros de seus pais.
Preferem amigos à carreira profissional.
Drogas se tornaram disponíveis nas escolas e nas ruas.
Separação da igreja e o estado
Sofreram as conseqüências do "free-love" de seus pais
Explosão de problemas mentais (depressão)
São inseguros
Extravagância marcou esta geração.
Tinham vários amigos, geralmente pertencendo a um grupo.
Igreja e seus líderes começaram a ser questionados e criticados abertamente.
15% freqüentam a igreja.
O que estava acontecendo no mundo...
No último século, eventos globais se tornaram mais e mais influentes na vida das pessoas ao redor do planeta. Com a melhoria na comunicação com telefones, celulares, internet, TV, redes sociais (Facebook, Orkut, etc...) é possível que um evento específico possa influenciar bilhões de pessoas ao mesmo tempo.
Perguntas como "Onde você estava quando..." se tornaram muito comuns.
O mundo virou uma vila global, e todas as gerações Y e Z ao redor do mundo são semelhantes. Anteriormente, partes de um países poderia se comportar como a geração anterior (especialmente as zonas rurais).
Geração Y - Eu
Nascidos entre 1980 - 1994
Esta é a geração que freqüentou menos a igreja.
Gastam mais horas na TV, videogame e redes sociais do que com amigos
São muito visuais
Cresceram sem valores morais
A grande maioria não cresceu com o pai em casa
Não é uma geração rebelde, cresceram sem limites e não têm nada para se rebelar.
É a geração mais sexualmente ativa que já existiu (em média 50 parceiros sexuais durante sua vida contra 8 da geração X)
Altamente inseguros.
Capacidade de concentração muito inferior à das gerações anteriores.
Problemas sérios de identidade (a explosão de filmes dos "Comic Books" e de como eles heróis se tornaram heróis comprova sua ânsia por identidade.
Bombardeados pela mídia, que usa o problema de identidade para vender.
Altamente egoísta
Problema sério de compromisso (tendem a mudar de carreira a cada dois anos)
Desrespeito e desconfiança à autoridades
Baseiam decisões em suas emoções
Inconseqüente - o importante é que eu me sinta bem agora
Extremistas - querem experimentar tudo ao máximo, como sexo, esportes, música, etc...
O que estava acontecendo no mundo...
Geração Z ou do milénio (É um mundo difícil)
Nascidos entre 1995 - 2009
Mesmas características da Geração Y só que mais extremista.
AS GERAÇÕES E A IGREJA
Um dos problemas que enfrentamos na igreja é que ela "quadrada" para a geração atual. Na história da igreja, estivemos sempre uma geração atrás do que está acontecendo no mundo. Ex.:
Nos anos 80, época de grande extravagância, a igreja começou a louvar erguendo as mãos, pulando e dançando, e pregando de calças jeans... Com o quê isto se parece? Com os hippies... Uma geração anterior. Chegamos uns 20 anos atrasados e perdemos a chance que alcançá-los como aconteceu nos EUA com o "Jesus revolution".
Atualmente nós encontramos igrejas enormes, com bancos de almofada, telão para o louvor, e tudo mais... Uma geração atrasada. Estamos nos anos 80 na igreja, com a geração X.
Como podemos ter uma igreja que não demora 20 anos para ser relevante ao que acontece no mundo à sua volta?
Os construtores quando na igreja gostam do estilo "santuário". Eles querem que a igreja seja um lugar quieto para reverência. Gostam de estabilidade, previsibilidade e consistência. Os Baby Boomers gostam quando a igreja tem uma visão e uma missão. Gostam de igrejas em que possam se relacionar, do tipo que tem grupos caseiros. Y gostam de diversificação. E agora?
Aqui vão algumas idéias. Idéias e não instruções. Idéias para refletir, aprimorar...
O louvor é uma das áreas que mais traz divisões na maioria das igrejas. As gerações anteriores querem hinos, coros, etc. As gerações mais jovens querem louvores atuais, mais íntimos, com letras em que falam com Deus. Os Boomers gostam de músicas ativas, louvor alto que celebra a Deus. A geração anterior prefere cantar mais formalmente, sobre Deus.
As igrejas multi-geracionais precisam se esforçar para servir todas as gerações. O foco tem que estar na qualidade e sensibilidade, tendo certeza de misturar estilos, com uma mistura de músicas velhas e novas. Também é preciso ensino sobre tolerância e a riqueza da diversidade. As gerações antigas preferem o estilo de sermão de teologia sistemática e horas de pesquisa sobre as passagens. Gerações mais novas preferem sermões práticos, ilustrados com histórias. Ambos estilos são bíblicos e têm pontos fortes e fracos. Uma sugestão é preparar pessoas da congregação que usem diferentes estilos para ministrar (2 Tim 2:2).
As gerações antigas acreditam que é possível converter alguém usando a lógica e razão, os levando a entender o evangelho deste modo. Estes são os estilos usados nas "4 leis espirituais". Os boomers aperfeiçoaram este método e criaram manuais e cursos.
Os jovens de hoje preferem um estilo mais relacional, que respeite a fé e os valores das outras pessoas, e com o "evangelismo" acontecendo aos poucos.
Em termos de evangelismo, os métodos mais efetivos hoje em dia são os que levam as pessoas a experimentar uma comunidade de cristãos, os levando a conectar com o "reino de Deus" de um modo tangível que vai além de explicações e argumentos. (Mais informação em um post futuro)
As gerações antigas preferem ser liderados. Eles respeitam e confiam nas autoridades, e preferem que estes os guiem para onde devem ir - o sistema tradicional de discipulado. As gerações mais novas não gostam que outros pensem por eles. Eles querem ter certeza de que estão fazendo algo por convicção própria, e não gostam de seguir cegamente.
Um dos problemas é discipular as pessoas de acordo com a nossa própria cosmovisão, tentando os conformar com aquilo que achamos certo ou errado.
O nosso sistema de discipulado deve estimular o relacionamento pessoal do discípulo com Deus, e evitar o sistema católico de intermediar Deus e os novos convertidos. O ideal é estimular que eles encontrem as respostas por eles mesmos e assuma responsabilidade por suas próprias vidas. O ideal é um sistema de companheirismo, onde eles contam com alguém, e outros contam com a ajuda deles - interdependência.
Fontes:
‘Mind the gap!’, por Graeme Codrington e Sue Grant-Marshall, Penguin, 2004
‘The Church on the Other Side’, por Brian McLaren, Zondervan, 2003.
‘An 8-track Church in a CD World’, por Robert Nash, jr. Smith & Helwys, 1997.
‘Make Room for the Boom’ or Bust’, por Gary McIntosh, Baker, 1997.
‘Systems-sensitive leadership’, segunda edição, por Michael Armour e Don Browning, College Press, 2000.
‘Jesus for a New Generation’, por Kevin Graham Ford, IVP, 1995.
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